terça-feira, 28 de outubro de 2008

Qual o sentido da vida existir?


O que é muito discutido é que cada ser vivo tem um papel essencial no mundo, mas papel significa finalidade de existir, e o que na verdade tem uma finalidade real, um sentido objetivo de existir?

Se pensarmos que um ecossistema não muda, é estável, cada ser tem um papel, e este é essencial na cadeia alimentar e na conservação da entropia do ecossistema. Porém os ecossistemas são extramamente mutáveis.

Na verdade nada tem um papel, tudo se adapta, a minhoca por exemplo melhora as condições do solo para poder ser possivel a vida de determinadas plantas, porém se a minhoca deixar de existir, aquelas plantas morrerrão e virão outras que conseguem viver sem a minhoca. (exemplo)

Se pensarmos que os ecossistemas não mudam, cada ser tem um papel que é manter aquele ecossistema, mas os ecossistema mudam e de uma maneira ou de outra, um ser que tem uma função determinado momento se extinguira e outros se adaptarão a nova condição do ecossistema, num movimento constante.

Só existe papel se estabelecermos uma necessidade de permanência, ou seja, para a manutenção de um ecossistema cada ser tem uma finalidade, mas qual o papel da manutenção de um ecossistema? Apenas a sobrevivencia dos seres que existem hoje, ou seja, fugir das transformações.

O mesmo se aplica aos nossos orgãos, estes só tem um papel se a necessidade for a nossa sobrevivencia, é nesse ponto que eu quero chegar, os entes e seres só tem um sentido se estabelecermos uma necessidade, sem necessidade não há razão de existir.

Se na natureza não há nenhuma necessidade, então não há necessidade dos objetos e seres terem um objetivo de existir, dessa maneira não há necessidade para o sentido da vida, logo a busca por um sentido da vida passa a ser um absurdo.

sábado, 18 de outubro de 2008

O presente do Deserto


Não sei o que me leva, desconheco o porque, mas sei que entro no deserto solitário de areias companheiras, à marcha lenta eu ando e o sol não me mata, mas a noite vem me mostrar a sua luz, não sei se é bom ou ruim, na verdade não sei mais o que é bom ou ruim, não sei de nada, mas sei que saberei no fim desse caminho construido nas colinas deserticas.

De repente entro numa viela, parece que algo me antinge incessantemente, é a garoa que cai lentamente e sem barulho, olho para a luminária na rua e só vejo uns finos trechos de agua caindo do ceu, sem rumo eu sei para onde eu vou.

Perco totalmente a noção do tempo e do espaço, o mundo se derrete, e já não conheço mais o meu “eu”, pois eu nunca sou, não consigo pegar o presente. Vejo uma caixa de correio, minha curiosidade me leva até ela, chego perto e pego um pacote bem embalado, e lá estava ele: o presente.

Percebo que o presente estava malpassado, na verdade o presente era malpassado, não existia, tinha acabado de passar, mas como poderia ter uma luminária e uma caixa de correio no meio do deserto? Me parecia ser um sonho.

Acordo no meio do deserto, percebo que a garoa na verdade eram as gotas de suor que percorrem o meu corpo, tinha dormido muito e acordado com o ardor fervente do deserto.

Mas me questiono: e se tudo for um sonho? Quando sonho penso que é real, mas quando acordo consigo diferenciar minhas experiencias oníricas do que meu olhar apanha, mas não consigo provar as imagens formadas na minha consciencia, pode ser tudo um sonho mesmo, mas não vejo vantagem em tratar o que eu percebia como fantasia, não apalpo o pragmatismo, logo coloco-me a caminhar pelo deserto mais uma vez.

Continuo, o deserto é o obstaculo, a mente é a minha aliada e a esperança minha ferramenta, não sei porquê tomei essa decisão, não sei se alguma vez na vida já tomei alguma decisão, será que sou diferente desses grãos de areia que são levados pelo vento desertico? Que vento que me trouxe aqui? Nao sei, desconheço.

No meio dessa aridez me encontro com um sentimento de solidão humana percebo que faço parte do mundo, mas de onde eu vim? E a areia, da onde esta veio? Sei que a areia se formou a partir do intemperismo, quanto tempo levou para formar esse deserto? E eu? Sou tão especial assim?

Me parece que sou igual a areia em sua solidão grupal e estimo que me tornarei uma, aquela que tenta se abraçar a outra quando os ventos sulinos se aproximam tentando leva-las em caravana para longe, mas que no fim é o mesmo lugar.

A tristeza me carrega e sem forças eu marcho, o medo toma conta de mim, nesse momento não tenho controle, percebo que na verdade eu nunca tive, apenas a ilusão de um, tento lutar, mas no fim sou incapaz de vencer as leis que regem esse mundo, deito e esposo meu passado e meu futuro, minha origem e meu presente: as areias do deserto.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A ampulheta da vida e da morte


"Ele pensa que a vida ficou para trás
Então finge que nem liga
Que tanto faz
Oh, não! A vida é como um gás
Só um sopro, só um vento,
Nada mais
E o ar que já lhe passou pelos pulmões
De tão velho já quer ir descansar
Daqui para o futuro falta só um piscar
Que é para o tempo não mais nos enganar
Ele agora vê que o tempo é uma ilusão
E o passado são as linhas em suas mãos
Oh, não! A vida é muito mais
Que os dias, que os deuses, que jornais


(A Verdade sobre o Tempo – Pato Fu)


Sofremos com a idéia da morte pelo desconhecido que ela traz; mas criamos significados, imaginamos uma continuidade da vida em outras esferas, conferimos um aspecto transcendente a ela. Porque? Porque a idéia de não existirmos é mais angustiante do que qualquer mistério. Não concebemos a não existência, não nos conformamos com ela. E a inexorabilidade disto torna o tempo absoluto, senhor de nossas ações. Nos parabenizamos uns aos outros a cada aniversário, por mais um ano em que vencemos a morte. Será que contaríamos o tempo se não fôssemos finitos?

Ao mesmo tempo, o sentido da morte está diretamente relacionado com o sentido da vida. Não há um sentido aparente para a vida. Construímos objetivos numa realidade concreta, mas mesmo estes se tornam absurdos quando confrontados com a certeza de que a vida terá seu fim.

Como diria Vinícius de Morais:
"Ás vezes quero crer, mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Então pergunto a Deus:
- Escute, amigo! Se foi para desfazer, porque é que fez?
Mas não tem nada, não, tenho o meu violão"


Apesar de ser uma eterna e angustiante questão filosófica, a morte é um evento totalmente sensato para a natureza.

O principal responsável pela nossa finitude é uma estrutura que se encontra nas extremidades dos cromossomos, chamada Telômero. Sua função é, principalmente, proteger os nossos genes de serem danificados pelo processo de replicação do DNA. Se nossos genes sofrerem alterações, há uma grande possibilidade de que haja a perda da função normal dos tecidos.

Para que uma célula se divida e, assim, promova o crescimento ou a substituição de outras células perdidas, é necessário que seu DNA seja duplicado. Em um processo normal da duplicação do DNA, a cada divisão celular, perde-se cerca de 150 bases nitrogenadas, e o cromossomo é progressivamente diminuído. Este processo de encurtamento também está relacionado com outros fatores, como agentes ambientais, resíduos metabólicos, stress, e outros.

É aqui que entram os telômeros. Eles estão nas extremidades das fitas de DNA, e são compostos por centenas de repetições da seqüência TTAGGG. Quando ocorre o encurtamento das fitas, as seqüências pedidas são teloméricas. Como não existem genes nos telômeros, este desgaste não significa perda de atividade.

Mas, na maioria das células, os telômeros não são reconstruídos, de modo que são finitos. O tamanho dessas estruturas é variável, mas para que sejam totalmente perdidos (e o desgaste começar a se dar nos genes) seriam necessárias uma média de 150 divisões celulares. Entretanto, após de 50 a 90 divisões, as células atingem o “Limite de Hayflick”, quando os telômeros sinalizam para a célula seu desgaste. Ao receberem este sinal, as células induzem a própria morte (apoptose).

Quando a perda de células se torna maior do que a capacidade de reposição, o indivíduo envelhece, progressivamente. Há um momento em que a perda é tão grande, em conjunto com outros aspectos relacionados à morte celular, que o tecido perde a sua função. Isso faz com que, por sua vez, o órgão deixe de ser funcional e o indivíduo morra.

O que ocorreria se nossos telômeros fossem eternamente reconstituídos? Nossas células seriam imortais, e, a não ser por alguma causa externa (como acidentes e doenças infecciosas), nós também seríamos. Entretanto, existe um outro lado da moeda: nossos cromossomos são constantemente “bombardeados” por agentes capazes de causar mutações. A pior conseqüência disso é o câncer.

Para que haja a formação de um tumor maligno, é preciso que ocorram no mínimo duas mutações, atingindo genes de funções específicas. Como estas mutações são aleatórias, quanto mais tempo um cromossomo permanecer exposto, maior é a probabilidade de que estas duas mutações ocorram. Assim, uma célula imortal chegaria a um momento em que esta probabilidade seria de 100%, de modo que, mais cedo ou mais tarde, se transformaria numa célula maligna. Portanto, quando os telômeros induzem as células à morte, estão, também, minimizando as chances da ocorrência de um tumor.

Surge, aqui, um paradoxo muito interessante. Se resumirmos a história, podemos afirmar que os telômeros limitam nosso tempo de vida para que nossos tecidos permaneçam o maior tempo possível funcionais, e para que as possibilidades de um câncer sejam menores. Mas se nossos tecidos não forem funcionais, ou se tivermos um câncer, morreremos. Então, os telômeros acabam nos levando à morte para nos proteger da morte!!

Mas, se analisarmos em um contexto maior, há uma grande razão para isso.

Qual o sentido da vida? A reprodução.
Isto é bem claro. Perceba o seu próprio corpo, e verá que tudo nele são estruturas que permitem a sobrevivência e reprodução. Lembre-se do processo de adaptação e de seleção natural – o mais apto o é porque é capaz de se reproduzir mais.

Pensando a vida sob esta perspectiva, o paradoxo dos telômeros deixa de ser um paradoxo, e se torna lógico. Os telômeros conferem um prolongamento da funcionalidade dos organismos. Assim, o período reprodutivo é otimizado – tudo funciona bem tempo o suficiente para que o indivíduo se reproduza. Após este período, o indivíduo cumpriu sua função primária. Portanto, vale a pena tornar o indivíduo finito para que ele se reproduza o máximo possível.

É claro que este mecanismo tem óbvias vantagens adaptativas. Se um indivíduo com o tempo de vida limitado pelos telômeros é capaz de se reproduzir mais do que aquele que não o possui, esta regulação será mais freqüente, e, portanto, se fixará na população.
Ou seja, os fenômenos que nos condenam à morte são uma característica adaptativa – praticamente todos os seres vivos possuem telômeros e são mortais.

O que saber disso muda a nossa relação com a morte? Continua sendo terrível lidar com a própria finitude, sendo ela justa ou não. Mas o sentido da morte reflete o sentido da vida. Nos instituímos ingenuamente de uma importância que transcende nossa existência como seres vivos. Precisamos nos instituir de significados maiores do que os da natureza; do que os de nossa natureza.

Mas o mundo é auto-explicativo. E, se nos livrássemos das prisões de nossa subjetividade, muitas das questões filosóficas perderiam a razão de ser – as respostas a elas estavam o tempo todo debaixo de nossos narizes.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Fugindo do absurdo entrando na roda do espaço-tempo


Uma das maiores questões ontologicas é o tempo, o espaço e a causalidade. Quero fazer uma analise sobre as dificuldades de analisa-los e sobre as conclusões que eu cheguei.

A relação entre causalidade e espaço-tempo é notável, principalmente quando analisamos o tempo, ou seja, ou o tempo teve um inicio, ou este sempre existiu, porém ambas hipóteses são absurdas. Vejamos:

- O tempo ter surgido: O tempo obviamente não pode ter sido criado, ou surgido, pois criar e surgir é movimentar, tudo que se move se move a determinada velocidade (espaço/tempo), logo para o tempo surgir o tempo deveria existir a priori. Logo é um absurdo.

- O tempo ter sempre existido: Nesse caso o tempo seria infinitezimal para o passado, logo seria impossível ter chego até esse momento, porque seria eterno no passado. Logo é um absurdo.

A única hipótese lógica, é que o tempo não é uma semi-reta (com uma criação), nem uma reta infinita e sim um circulo, e esse circulo pode ter um comprimento absurdamente grande.

E o espaço assim como o tempo também deve ser ciclico[1], pois como vimos no outro texto, quando chegamos a determinada pequenez, os entes começam a crescer ao inves de diminuir, e o mesmo deve acontecer com o grande. De outra maneira teríamos que conceber uma infinitude de espaço, que também não é lógica, logo é um absurdo.

Se não existe um momento (um ponto no tempo) para a criação do espaço e do tempo, então não podemos falar numa causalidade necessária para estes existirem, pois estes não são entes, são dimensões onde os entes existem.

A causalidade necessita do espaço-tempo para ser lógica, sem o espaço e o tempo não podemos falar em causa, em ação, conclue-se que não existe a possibilidade destes (espaço e tempo) terem surgidos, portanto o espaço-tempo estão num plano acima da existencia, e se eles não podem ter sido criados e não podem ser infinitos, logo são cíclicos.
Referências:
[1] The Classical Universes of the No-Boundary Quantum State
Authors:
James B. Hartle, S. W. Hawking, Thomas Hertog
(Submitted on 11 Mar 2008)