terça-feira, 9 de dezembro de 2008

À, O Amor


Amor platonico, Amor maternal

Amor de filho, Amor de amigo,

Amor à vida, Amor, eu digo

Que o Amor, meu Amor

É o prazer de estar contigo


Amor cético que não duvida

Não duvida que o amor, é força

Subjetiva no objetivismo da vida,

Amor cético, que diz sim

Sim ao Sim e Não ao Não

Não a negatividade ascetica

Diz sim a vida, ao fluxo


Amor que tem fome, mas que sacia

Amor que doi, que doi e amacia

Amor que não escolhe, mas não é escolhido

Amor que não está no destino, é deterministico

Amor que cria, que floresce


Flor que dá vida, Amor é vida

Nas idas e nas voltas, no fim e no começo

O amor que move a vida

A vida minha e a vida sua

A vida dele, a vida dela

O amor é a flor

A estrada e a estada, das nossas vidas.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Amor Ocre


Como em toda história de amor, o sol se escondia no horizonte, e o mundo parecia um mar de lava. Aguardava impacientemente que o dia desse, enfim, lugar à noite. A fome me consumia como algo vivo, se alastrando, dominando, confundindo meus pensamentos. O cubículo onde me encerrava, antes aconchegante, parecia claustrofóbico nesses minutos de espera.

Uma vez o céu negro, assim eu me fiz também. O hálito frio da noite me envolvia em um abraço sensual. Precisava saciar a fome. A fome! A fome era tudo o que existia, quase uma dor, pungente.

Som de passos, cheiro morno. Me esgueirei por detrás de um muro, e a aguardei. Então ela veio, linda. Um longo pescoço alvo que culminava em uma cabeça bem feita, sob uma profusão de fartos cabelos negros. Introspectivos olhos azuis. Como uma gazela, suas pernas longas e ancas ondulantes. Caminhava lenta e distraidamente. Tudo nela transpirava...vida.

O desejo eram tentáculos. Cego pelos instintos, como um animal farejante, dei-lhe o abraço. Seu pescoço tenro ofereceu pouca resistência a meus dentes. Macio, macio, seu cheiro me inebriava e seu coração batia tão rápido quanto o meu, em uníssono. O sangue, tão doce, trazia uma deliciosa sensação de calor por todo o meu corpo. Ela me repelia, ao mesmo tempo em que se deixava enlaçar. Uma mistura de medo e desejo, resistência e aceitação, que me fazia querê-la como, parecia, jamais poderia fazê-lo novamente. Era a sublimação do amor em sua forma mais pura. A sensação de que nunca me saciaria dela.

Senti, então, minha amada desfalecer em meus braços, e a deixei, enfastiado. Era agora uma carcaça inerte, montanha de matéria orgânica inútil. Comida de vermes e insetos. Levemente enojado, desviei-me daquilo que brevemente seria putrefato, espalhado sobre a calçada imunda.