terça-feira, 19 de agosto de 2008

Livre-arbítrio

Todos devemos tomar decisões nas nossas vidas, essas são limitadas pelo meio em que vivemos, mas essas decisões que fazem uso da razão para decidir entre o melhor e o pior são tidas através de observações passadas e do instinto. Até que ponto realmente escolhemos alguma coisa?

No momento que o espermatozóide fecunda o óvulo, ocorre a fusão entre os genes do homem e da mulher. Nesse momento há um processo biofísico que define as características biológicas do ser, durante a gestação e depois do nascimento o ser se encontra num meio. Logo quando nasce o meio o influencia, uma maneira de explicar de forma mais detalhada é usar um exemplo de gémeos siameses, por mais que geneticamente sejam idênticos estão em posições diferentes no útero, um sai primeiro que o outro, ficam em camas diferentes sentam em janelas diferentes no carro e todos os mínimos detalhes que influem no “lado” social do ser. Se o mesmo individuo nascesse na Idade Média este seria completamente diferente.

Imagine um nenê, todas as suas “escolhas”: chorar ou não, defecar ou não, são praticamente tomadas pelo bio (instinto), o meio (social) vai influenciando-o conforme este cresce. A pessoa é definida pelo bio e pelo meio, mas ambos não foram “escolhidos” por ela, pois nem existe essa possibilidade, uma vez que o ela é o bio-social (instinto-meio). Se todas as escolhas são definidas pelo bio (instinto) e o pelo social (meio) e não existe possibilidade de escolher nenhum dos dois, não existe escolha.

Por outro lado, as variáveis que compõem o processo de escolha, de modo externo ao indivíduo, também fogem ao seu controle. Não há como alterá-las.

A maneira como o indivíduo vai interagir com estas variáveis depende que quem esta pessoa é. Depende da sua visão de mundo, da sua maneira de agir (ou evitar a ação), das suas prioridades e valores. Mas tudo isso, que podemos resumir como "visão de mundo", é resultado das contingências passadas, e estas são inexoráveis.

O que ocorre, então, é um indivíduo invariável, determinado naquele instante, interagindo com variáveis também fixas (por mais que numerosas). Se a opção entre estas variáveis depende do indivíduo, e este é determinístico no momento da escolha, a escolha é ilusória. O indivíduo não teria como optar de outra maneira, porque sua concepção de mundo o leva a fazer esta opção.

Portanto, a partir do momento que somos restritos às contingências, não há de fato livre-arbítrio.

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