domingo, 30 de novembro de 2008

Tempo Esférico

Conforme já coloquei no texto “Fugindo do absurdo e entrando na roda do espaço-tempo” (pré-requisito para ler este), a única possibilidade lógica para o tempo é este ser cíclico.

Algumas considerações que devem ser feitas perantes alguns argumentos contra o tempo ciclico é que:

Se o tempo é ciclico, logo ele dá infinitas voltas, logo ele é um absurdo.

Vamos analisar mais profundamente isso, como diferenciamos um momento? Um momento é diferente do outro, se o estado espacial de qualquer ente do mundo for diferente.

O que chamamos de repetição? Repetir, é fazer a mesma coisa espacialmente, porém em momentos temporalmente diferentes, ou seja, a repetição pode ser contabilizada, pois há uma diferença entre as repetições, essa diferença é o momento temporal.

No caso do tempo ciclico, não é uma repetição é uma peretição, ou seja, não há diferença nenhuma, logo é uma volta, não várias, logo não podem ser contabilizadas como mais de uma, pois só é possivel contar coisas diferentes, se é a mesma é impossivel.

- Relatividade Restrita e Geral

Analisando o tempo como cíclico percebemos que um plano bi-dimensional não é capaz de descrever o tempo após a revolução feita a partir da Relatividade Geral, onde o tempo é relativo, depende de certos fatores fisicos (velocidade, campo gravitacional) que envolve cada observador.

Logo se conclue que o tempo não pode ser cíclico, o tempo deve ser necessariamente esférico, porém uma esfera fixa, conforme demonstrado no desenho abaixo:


O comprimento de cada circulo da esfera representa o modulo da distancia temporal percorrida pelo objeto (τ), a linha amarela representa um objeto que está em inercia total, quando que a linha vermelha representa um objeto que tem sua velocidade igual a da luz. Se,

Se conclue que se aumenta a velocidade diminui o dτ.

Essas formulas valem para a relatividade restrita, para a geral deve ser ascrecentado a influencia do campo gravitacional. [1]

- Principio da Incerteza de HeisenBerg

O tempo esférico conclui que tudo deve ser necessariamente determinado, pois tudo se perete, logo não pode haver nenhum comportamento espacialmente diferente.

O Principio da Incerteza diz que é impossivel se determinar a posição ou o momento de uma particula, mas isso ocorre porque para “olharmos” uma particula influenciamos no seu comportamento[2], a partir do experimento da fenda dupla concluimos que quando não lançamos o feixe de fotons sobre a particula esta se comporta como uma onda. Se a particula se comporta como uma onda, de maneira nenhuma o tempo esférico está ameaçado.[3]

Aqui podemos entrar numa discussão realistas x positivistas, mas esse não é o cerne da questão, devemos ter em conta o que observamos e o que observamos indica que é uma onda.
Mesmo indo para o lado dos realistas poderia caminhar ao lado de David Bohm e das variáveis ocultas [4], e o tempo esferico continua inabalado.

- Expansão do Universo

Segundo as observações do telescopio Hubble[5] o universo está em expansão, como o tempo esférico pode ser possivel? Nossa visualização do tempo é minuscula, observamos apenas um pequeno arco do circulo inteiro, logo as observações feitas perante o futuro ou o passado do universo não podem ser levadas em conta.

Mesmo desconsiderando o paragrafo anterior, desconhecemos totalmente a causa do Big Bang, existem teorias como a do Big Crunch ou a Teoria-M que se encaixam com o tempo esférico.

- Passado e Futuro

No tempo esferico não existe passado nem futuro, se analisarmos a esfera toda, porém estamos em apenas um pequeno “arco” desta, se nossas observações vêem de um arco, é óbvio percebemos passado e futuro.

Referências:
[1] Spacetime and Geometry: An Introduction to General Relativity
autor: Sean Carroll
editora: Addison Wesley
isbn: 0805387323
[2]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg
[3]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_da_dupla_fenda
[4] David Bohm, “A Totalidade e a Ordem Implicada”
Tradução MAURO DE CAMPOS SILVA
Revisão Técnica NEWTON ROBERVAL EICHENBERG
EDITORA CULTRIX
São Paulo
Título do original: Wholeness and the Implicate Order
Copyright © David Bohm 1980 Publicado originalmente por Routledge & Kegan Paul Ltd.
[5] http://eprintweb.org/S/article/arxiv/0807.0535

sábado, 29 de novembro de 2008

Laplace, Fisica Quantica e Livre Arbítrio



Sempre que falamos em livre arbitrio o assunto mecanica quantica está sempre envolvido, mas até que ponto a mecanica quantica afeta, abre brechas para a existencia do livre arbitrio?

Segundo Laplace: “Nós podemos tomar o estado presente do universo como o efeito do seu passado e a causa do seu futuro. Um intelecto que, em dado momento, conhecesse todas as forças que dirigem a natureza e todas as posições de todos os itens dos quais a natureza é composta, se este intelecto também fosse vasto o suficiente para analisar essas informações, compreenderia numa única fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e os do menor átomo; para tal intelecto nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, seria presente perante seus olhos”.[1]

Porém, segundo o Principio da Incerteza de Heisenberg, isso não é viável, pois é impossivel ter exatidão sobre a posição ou o momento de uma particula, ao lançar o feixe de fotons (observar), influenciamos no comportamento da mesma e dependendo da frequencia desse (feixe) teremos um valor mais preciso relativo a posição ou ao momento. [2]

Mas isso é o pré-determinismo, o fato de não sabermos deteminar o comportamento de uma particula sub-atomica não quer dizer que o comportamento desta não seja deterministico, a Teoria de David Bohm afirma a existencia de variáveis ocultas.[3]

Até que ponto o comportamento aleátorio da particulas afetam o funcionamento do neuronios? Sendo que estes ultimos tem a sua existencia no macro, onde os processos são deterministicos.

Mesmo se levassemos em conta que o aleatório é inevitável, conforme afirmam outras interpretações da mecanica quantica, não haveria espaço para o livre-arbitrio.

O que deve ser analisado é: “De onde que vem as escolhas?”, se tudo que escolhemos vem do cerebro e se os processo neurológicos são deterministicos, a escolha não poderia ser diferente, logo a escolha é ilusória, porém se a escolha vem de processos aleátorios, também não escolhemos nada, pois a escolha se torna totalmente aleatória, logo, mesmo um mundo regido por leis probabilistas não abre espaço para o livre arbítrio.

Para o livre-arbitrio exister deve necessariamente haver um espirito, e esse espirito seria o “eu” de cada um, e este que tomaria as decisões, porém falando cientificamente não temos evidencia empirica nenhuma de espiritos, logo se conclue que o livre arbitrio não existe.

Referências:
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Simon_Laplace
[2]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg
[3] David Bohm, “A Totalidade e a Ordem Implicada”
Tradução MAURO DE CAMPOS SILVA
Revisão Técnica NEWTON ROBERVAL EICHENBERG
EDITORA CULTRIX
São Paulo
Título do original: Wholeness and the Implicate Order
Copyright © David Bohm 1980 Publicado originalmente por Routledge & Kegan Paul Ltd.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Meritocracia, Contingências e o Escambau



Mesmo entre aqueles que defendem mais arduamente a idéia de liberdade humana, admite-se a existência de contingências, que de alguma forma limitam esta liberdade. Mas, se há liberdade, a meritocracia é justa: obtém o objeto de desejo aquele que mais se esforça para conseguí-lo.

Se pensarmos, entretanto, nas contingências reais, este esforço torna-se menos salutar. Um exemplo seria a inteligência. Há estudos da sociobiologia indicando uma correlação de cerca de 0,54 entre o QI e a genética (1). Podemos pensar, então, que o resto se deve ao ambiente, e este ambiente depende do próprio esforço.

Mas o ambiente também tem contingências. Uma pessoa criada por pais que valorizavam o conhecimento e o esforço para a aprendizagem terá melhores resultados neste setor. Mas, para que os pais se comportassem assim, eles devem ter este mesmo atributo genético e/ou terem sido criados da mesma forma. E assim sucessivamente.

Pela meritocracia, quem não se esforça e/ou não tem inteligência ou capacidade de aprendizagem não conseguirá, por exemplo, entrar numa universidade. Mas se todos estes quesitos dependem de fatores externos ao indivíduo, a conquista depende muito menos dele do que da "sorte". Neste caso, a meritocracia se torna apenas uma maneira ilusória de igualdade de condições, e continua privilegiando os "escolhidos" pela natureza.

No aspecto da inerência:
Normalmente, a inteligência vem acompanhada de curiosidade. Portanto, o fato de ser inteligente vai induzir a criança a criar questões, e essas dúvidas a levarão a procurar conhecimento. As informações também serão melhor compreendidas por aquele que apresenta uma maior capacidade cognitiva.

No aspecto do ambiente:
Os estímulos recebidos dependem enormemente da posição dos pais a respeito, ou seja, se colocam a criança numa escola, se a estimulam a ler, etc.
Os estímulos dependem também do interesse da pessoa em buscar o conhecimento. Se os pais não tivessem o interesse pessoal antes, não se preocupariam em oferecer isso aos filhos.

Mas o interesse da pessoa em buscar o conhecimento está relacionada com a curiosidade, que está, por sua vez, relacionada à inteligência "inerente" e à iniciativa.
A posição dos pais a respeito está relacionada com a própria capacidade cognitiva deles e com os estímulos que eles mesmos receberam, que está relacionado com o próprio interesse anterior deles. É mais fácil os pais se preocuparem com os resultados das crianças se eles mesmos forem inteligentes, e assim por diante. Há uma tendência das variáveis positivas ao "sucesso" se aglomerarem em determinado grupo, e as variáveis negativas em outro, porque muitas delas são interdependentes.

Claro que num sistema meritocrático há a valorização do esforço. Mas a própria iniciativa do esforço entra no mesmo caso. Não há como alguém efetivamente decidir entre ser esforçado ou não.

Isso porque nós somos hoje o que nascemos sendo, inerentemente, e o resultado da interação desse "inerente" com as nossas experiências pessoais.
Um indivíduo não tem como optar por ter outras características genéticas, como não pode optar pelas experiências pelas quais já passou.

Por outro lado, as variáveis que compõem o processo de escolha, de modo externo a este indivíduo, também fogem ao seu controle. Não há como alterá-las.

A maneira como alguém vai interagir com estas variáveis depende que quem esta pessoa é. Depende da sua visão de mundo, da sua maneira de agir (ou evitar a ação), das suas prioridades e valores. Mas tudo isso, que acho que dá para resumir como "visão de mundo", é resultado das contingências passadas, e estas são inexoráveis.

O que ocorre, então, é um indivíduo invariável, determinado naquele instante, interagindo com variáveis também fixas (por mais que numerosas). Se a sua opção entre estas variáveis depende de você, e você é determinístico no momento da escolha, a escolha é ilusória. Você não teria como optar de outra maneira, porque sua concepção de mundo o leva a fazer esta opção.

O homem pode alterar a estrutura genética de alguém que vai nascer. Ele não pode alterar sua própria estrutura de modo a conseguir uma alteração fenotípica. O que você já é, não pode ser modificado nesse exato instante. Se as suas experiências futuras mudarem, você futuramente será diferente. Mas exatamente neste momento todas as experiências são passadas e presentes. Não há como modificar isso.

Portanto, você, agora, é determinado. Não o seu futuro, mas o seu presente. E tudo o que temos efetivamente é o presente.

Portanto, em termos mais simples, dificilmente filhos de pais pouco inteligentes ou “esforçados” serão capazes de serem, por sua vez, inteligentes (nos termos gerais) ou “esforçados”, porque faltará tanto a inerência quanto o estímulo pessoal e externo. Daí, o mérito sempre será daquela "linhagem" que une as condições necessárias.

A meritocracia é considerada como um sistema justo, que proporciona oportunidades iguais. Mas se o esforço pessoal está sujeito a estas contingências que tornam o mérito quase determinístico, a meritocracia é tão justa quanto a competição que ocorre na natureza, sem o juízo da justiça ou igualdade.

Referências:
(1) Plomin, R., DeFries, J.C., McClearn, G. E. M. Behavioral Genetics: A primer. 2a. ed, Ed. Freeman and Company, 1990.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ciencia e Religião



Esse assunto é sempre abordado e me parece que na maioria das vezes ocorre um confusão sobre o escopo de cada uma. Primeiramente vou definir como eu vejo a ciência.

O objetivo da ciencia é conhecer a realidade objetiva (assumindo que é a realidade observada) através do metodo cientifico.

Resumindo o método cientifico: Primeiro se observa o fenomeno. Com base nas observações se faz previções sobre o comportamento deste. E finalmente a falseabilidade é testada. Se for fiel as verificações, assume-se que a teoria é verdadeira até demonstrarem o contrário.

A religião depende da fé, depende do sentir Deus (ou qualquer outra coisa), o metodo cientifico não é subjetivo, qualquer um pode fazer uso dele e chegar no mesmo resultado, independente de suas experiencias de vida ou caracteristicas genéticas.

Uma diferença entre a religião e a ciencia está na questão das teorias metafísicas (explicação sobre o comportamento do que ainda não pode ser verificado), a primeira (religião) não é falseavel enquanto que uma teoria cientifica devem ser falseável, passiva de comprovação empírica. Nesse ponto encontra-se a grande causa das discussões entre ambos os lados. A ciencia tem que se moldar para explicar de acordo com a realidade observada, a religião usa o seu coringa e o encaixa nas lacunas.



A ciencia não tem como objetivo salvar o homem da morte como a religião, a ciencia procura entender o corpo humano, aumentar o tempo de vida é consequencia e pode ser chamado de uso dos conhecimentos adquiridos pela ciencia. Assim como outras ferramentas tecnologicas que podem ser desenvolvidas com base nos conhecimentos adquiridos pelo método cientifico.

Aqui eu faço questão de colocar que muitos confudem ciencia (uso do metodo cientifico) com teorias metafísicas cientificas (como a criação do universo), quando na verdade toda a teoria metafisica carece de comprovação empírica, o que é diferente de uma teoria que já tem sucesso em suas previsões relativas aos fenomenos empiricos.

No caso das teorias metafisicas não existe nenhum metodo diferente para "escolhe-las", porque a escolha será feita com base na sua fidelidade de prever o observado (se ambas forem fieis, a Navalha de Occam toma conta do resto), teorias metafisicas são teorias metafisicas, não cientificas (no conceito do uso do método cientifico).

Um aspecto importantissimo que nunca deve ser esquecido é a questão da religião, diferente da ciencia, ditar um deve-ser relacionado com o comportamento.

Outro ponto é que a ciencia não procura o sucesso social, quem procura adeptos e faz proselitismo é a religião (aqui entra os ateus também), a ciencia busca descrever a realidade observada, se for fiel ao seu compromisso e a descoberta tiver aplicabilidade prática, o sucesso será uma consequencia não um objetivo.

Conclue-se que a diferença filosofica está na metafísica e na maneira que cada uma se comporta para descrever os fenomenos que estão além de verificação. O "conhecimento" que cada uma produz é usado diferentemente pelo ser humano, o cientifico é praticado para desenvolver ferramentas que visam facilitar a vida humana, catalizar os prazeres, e aumentar o tempo de vida, o religioso para resolver os problemas existenciais subjetivos a cada um, esses (problemas) não são resolvidos através da visão niilista da ciência.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A diferença entre afirmar e assumir



Quero fazer uma analise no conceito de "afirmar" e "assumir" e qual a relação de ambos com a aplicação do pragmatismo para conceituar a realidade.


O primeiro ponto é analisar o solipsismo, uma vez que tudo são representações na nossa consciencia, não podemos usar das representações para provar que estas são mais que representações. Assim temos basicamente dois caminhos:
1- Tudo é real;
2- Tudo é ilusão;
Se formos pelo segundo caminho eliminamos com todo o sentido da filosofia e da ciencia, por um motivo pragmatico filosofico e cientifico assumimos como real o primeiro caminho.

O proximo ponto é a questâo da observação, não podemos afirmar que o que observamos é o todo. Posso citar exemplos que essas afirmações foram feitas e não corresponderam como a terra ser plana ou as leis de newton valerem para o todo.Aqui novamente temos dois caminhos:
1- O que observamos vale para o todo até provarem o contrário;
2- Não observo o todo logo não posso concluir nada sobre ele;
Se formos pelo segundo caminho eliminamos com todo o sentido da filosofia e da ciencia, por um motivo pragmatico filosofico e cientifico assumimos que o que observamos vale para o todo.

O terceiro e ultimo ponto é a questao da causalidade de David Hume ao lidar com o futuro, não podemos afirmar que existe um computador na minha frente, pois demora um tempo para as informações externas serem captadas, representadas e interpretadas, como não podemos afirmar que as leis se manteram as mesmas, e o computador na minha consciencia é uma representação do passado, logo não posso afirmar que este existe.Aqui novamente temos dois caminhos:
1- As leis permanecem as mesmas;
2- As leis podem mudar a qualquer momento logo não posso afirmar que o computador está na minha frente;

Se formos pelo segundo caminho eliminamos com todo o sentido da filosofia e da ciencia, por um motivo pragmatico filosofico e cientifico assumimos que o que observamos é o exato presente e que as leis não mudam.

O ponto aqui é o seguinte, existem certos ceticismo que não acrescentam em nada filosoficamente, porque não tem a contribuir com a maneira que analisamos e convivemos com o mundo. Se em qualquer um desses pontos que coloquei seguissimos pelo segundo caminho, estariamos aniquilando toda a historia da filosofia, porque esta seria totalmente sem sentido, uma vez que nenhum filosofo poderia fazer alguma afirmação.

Por um motivo pragmatico filosofico e cientifico assumimos que o primeiro caminho em todos os pontos é verdadeiro. Que fique claro a diferença entre assumir e afirmar, a ciencia assume não afirma, é mutável.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sobre a Realidade

Algumas considerações sobre o que entendo por realidade:

É impossivel provarmos que a realidade que formamos é a mesma que está lá fora, não temos como provar a realidade, porque esta apenas nos é possivel como uma representação na consciencia, nao consigo provar que este computador que eu digito tem sua existencia além da sua representação, porém não vejo como tratar de outra forma, essa discussão se resume no pragmatismo.

A partir do momento que tratamos o que nós é dado como existente, partimos para a proxima discussão que é a questao de haver outras faces da realidade ou não.

Sabemos que dependemos do nosso sistema cognitivo para fazer as representações da realidade, realmente é possivel haver outras faces, outras faces é aqui colocado no sentido dos objetos possuirem mais atributos do que aqueles que nós representamos.

Uma vez que estamos limitados às nossas faculdades, e nunca ninguem conseguiu perceber outra realidade além dessa que nos é dada, logo estamos também limitados para afirmar se o que percebemos é o todo ou se é uma parte, dessa maneira não há porque assumir que é uma parte, pois não temos condições, bases para afirmar isso.

Se existem outras realidade eu não sei, mas voce também não sabe, logo qual a vantagem de ficar devagando sobre esses assuntos?

Outra coisa que deve ficar clara é a distinção entre percepção e interpretação.

Coloco a percepção como a absorção de todas as informações externas ao nosso organismo que são captadas pelo sistema cognitivo, ou seja, recebemos ondas de luz de tudo, e tudo é processado no nosso cérebro, tanto que as vezes quando nos lembramos de alguma situação podemos resgatar coisas que não tinhamos "vistos", ou seja, que não haviam sido interpretados, mas foram vistos, foram processados, pois o cerebro conseguiu lembrar depois.

Ou seja, estamos recebendo todas as informações do exterior, porém interpretamos aquelas que conforme a nossa vivencia (cultura, treinamento, e etc.) foram consideradas importantes quando outras passam despercebidas, mas isso não quer dizer que não foram visualizadas.

O exemplo do indio na cidade, ele pode estar na calçada e vai atravessar a rua e não "vê" o semáforo de pedestres, mas não é que ele não viu, ele recebeu as ondas de luz do semaforo, o que aconteceu é que ele não as interpretou, pois a sua vivencia não diz que aquilo é importante. Porém se alguem apontar para o semaforo, ele irá representa-lo como qualquer outra pessoa.

A interpretação da realidade como um todo é subjetiva, ou seja, cada sujeito interpreta (interpretar é no sentido ser uma determinante para “escolher” como agir) algumas informações de todas que são enviadas e captadas por ele. Mas isso não muda a realidade lá fora, esta é independente do sujeito, pois se todos nos focalizarmos num objeto, todos serão capazes de observa-lo.

A partir do momento que criamos aparelhos que possibiltam a medição de ambientes não perceptíveis pelo nossos sentidos, não estamos entrando em outra realidade. Estamos indo mais fundo na realidade que percebemos, porque não deixamos de perceber com os nossos sentidos, apenas criamos aparelhos que são capazes de "amplia-los".

Ao se falar das caracteristicas da "coisa em si", não podemos afirmar que esta tem mais caracteristicas além daquelas que nos é dadas (caracteristicas transcedentais). Temos cinco sentidos, recebemos informações do objetos e atraves do sistema cognitivo somos capazes de interpreta-las, se todos fossemos surdos, conseguiriamos saber que existem as ondas sonoras, porque elas se mostram a partir da visão por exemplo, ou até mesmo do tato, quando voce está perto de uma caixa de som é capaz de sentir as ondas sonoras.

Concluindo, se nao podemos afirmar que o que percebemos é real, mas não existe outra maneira de viver, logo por uma questao de pragmatismo o solipsismo é descartado. E o mesmo pode se dizer à supostas faces da realidade, se não somos capazes de afirmar nada, novamente invoco o pragmatismo e descubro que não tem porque inquirir nada a respeito, pois não somos nem capazes de verificar.

domingo, 2 de novembro de 2008

O pequeno grande ponto bege no infinito azul


Acordo e me vejo preso nas correntes da sobrevivencia que unem-me à este pedaço de madeira milagroso, sou levado pela corrente marítima. Ainda bem que estou vivo e que a tempestade já passou.


Nesse momento começo a pensar, mas imediatamente paro e questiono o porquê de questionar. Filosofar sobre o mundo não tem utilidade prática, não vai mudar em nada a minha condição atual, mas faze-lo é prazeroso e isso ja é suficiente.


Contemplo minha ignorância perante este espelho celeste, enquanto o espelho contempla a dele perante o que este espelha. Ambos insignificantes e indeferentes para o todo.


No meio do horizonte infinito, vejo uma terra de cores claras. Antes ao meu redor só havia o azul, parecia que este era infinito. Era só impressão.


A sensação de prazer que eu tenho ao perceber uma chance de sobrevivencia e ao receber as ondas de luz dessa terra, me fazem perceber que o infinito era uma ilusão que o cíclico nos traz, entendo que o espaço deve ser cíclico também, se fechar nele mesmo, o infinito é um absurdo.


Junto minhas forças e remo em direção à praia, a correnteza me ajuda e não demoro muito para chegar.


A praia é praticamente deserta, com excessão de alguns pequenos arbustos. Nesse momento vejo dois horizontes um azul e um bege.


Morto de fome, procuro algo para comer, vejo um pequeno roedor e consigo pega-lo.


Faço uma fogueira, asso o mais primitivos dos mamiferos, janto o meu parente e me satisfaço. Deito nas areias brancas e durmo.


No dia seguinte acordo cansado e fraco ainda, sem saber o que fazer, que rumo tomar.


Não sei o que me leva, desconheco o porque, mas sei que entro no deserto solitário de areias companheiras...