sábado, 29 de novembro de 2008

Laplace, Fisica Quantica e Livre Arbítrio



Sempre que falamos em livre arbitrio o assunto mecanica quantica está sempre envolvido, mas até que ponto a mecanica quantica afeta, abre brechas para a existencia do livre arbitrio?

Segundo Laplace: “Nós podemos tomar o estado presente do universo como o efeito do seu passado e a causa do seu futuro. Um intelecto que, em dado momento, conhecesse todas as forças que dirigem a natureza e todas as posições de todos os itens dos quais a natureza é composta, se este intelecto também fosse vasto o suficiente para analisar essas informações, compreenderia numa única fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e os do menor átomo; para tal intelecto nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, seria presente perante seus olhos”.[1]

Porém, segundo o Principio da Incerteza de Heisenberg, isso não é viável, pois é impossivel ter exatidão sobre a posição ou o momento de uma particula, ao lançar o feixe de fotons (observar), influenciamos no comportamento da mesma e dependendo da frequencia desse (feixe) teremos um valor mais preciso relativo a posição ou ao momento. [2]

Mas isso é o pré-determinismo, o fato de não sabermos deteminar o comportamento de uma particula sub-atomica não quer dizer que o comportamento desta não seja deterministico, a Teoria de David Bohm afirma a existencia de variáveis ocultas.[3]

Até que ponto o comportamento aleátorio da particulas afetam o funcionamento do neuronios? Sendo que estes ultimos tem a sua existencia no macro, onde os processos são deterministicos.

Mesmo se levassemos em conta que o aleatório é inevitável, conforme afirmam outras interpretações da mecanica quantica, não haveria espaço para o livre-arbitrio.

O que deve ser analisado é: “De onde que vem as escolhas?”, se tudo que escolhemos vem do cerebro e se os processo neurológicos são deterministicos, a escolha não poderia ser diferente, logo a escolha é ilusória, porém se a escolha vem de processos aleátorios, também não escolhemos nada, pois a escolha se torna totalmente aleatória, logo, mesmo um mundo regido por leis probabilistas não abre espaço para o livre arbítrio.

Para o livre-arbitrio exister deve necessariamente haver um espirito, e esse espirito seria o “eu” de cada um, e este que tomaria as decisões, porém falando cientificamente não temos evidencia empirica nenhuma de espiritos, logo se conclue que o livre arbitrio não existe.

Referências:
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Simon_Laplace
[2]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg
[3] David Bohm, “A Totalidade e a Ordem Implicada”
Tradução MAURO DE CAMPOS SILVA
Revisão Técnica NEWTON ROBERVAL EICHENBERG
EDITORA CULTRIX
São Paulo
Título do original: Wholeness and the Implicate Order
Copyright © David Bohm 1980 Publicado originalmente por Routledge & Kegan Paul Ltd.

12 comentários:

Cássio disse...

Penso que há sim espaço para a existencia da escolha, se ela for resultante de processos aleatórios.

Mas o principal ponto que vejo é que, embora a ciencia nao consiga comprovar a existenca do eu, a filosofia o admite. Não seria este um daqueles "dogmas cientificos" que a ciencia é obrigada a aceitar, embora careçam de comprovação, como foi colocado no texto da diferença entre aceitar e assumir...

Caio Mariani disse...

Cássio,

Se é aleátoria como podermos escolher? É impossivel.

O "eu" na ciencia é um conjunto da genética e das experiencias de vida. Não algo externo ao cérebro, ou algo que fuja as leis físicas.

Penso que aqui não tem a ver com dogmas, mas com o metodo que a ciencia é obrigada a seguir, que é o metodo cientifico, onde é preciso haver evidencias para uma teoria poder ser assumida verdadeira. Se não temos evidencias sobre espirito não podemos concluir a sua existencia.

Cássio disse...

Não digo a escolha em si como aleatória, mas imagino um campo de possibilidades resultante de processos aleatórios.

Quanto ao "eu, não estou me referindo ao espírito ou a coisa que o valha. Não estou dizendo que seja externo ao cérebro.

Mas tenho a impressão que a ciência diz como se forma o "eu" mas não o que ele é. O "eu" a que me refiro é o filosófico, aquele do "penso, logo existo".

A consciência é um processo do funcionamento do cérebro.

Mas por que eu tenho a sensação de ser eu e não você?

Se a ciência segue algo porque é obrigada, isso não pode ser visto como um dogma?

Caio Mariani disse...

Cássio,

Voce tem a impressao de ser voce porque o cerebro, e todos os orgãos sensoriais são seus.

Eu concordo que naquele outro texto, assumir que a realidade existe é um dogma cientifico, porque isso é imutável, sempre foi assim.

Porém o metodo cientifico é extramamente mutável, sempre está passando por transformações e está sempre sendo discutido.

Desde Platão, Aristoteles, Descartes, Hume, os posistivas de Viena, Popper vemos uma modificação no método, se ele muda e é discutido não é um dogma.

Caio Mariani disse...

Perante o campo de possibilidades, não existe um "algo" que escolhe, a particula se comporta aleatoriamente, se todos os processo são aleatorios nossas escolhas são aleatórias, não há espaço para o livre-arbitrio.

Veja esse video aqui, acho interressante: http://www.youtube.com/watch?v=rvemT9jhnH4

Abraços

Neto disse...

Interessante a matéria Caio.

Tenho uma dúvida, que não é bem uma dúvida. Você disse que são os neurônios que aleatoriamente fazem a escolha?

Neto disse...

É que dizermos que ela é completamente aleatória, estamos discartando toda a história de vida de uma pessoa. Existem outras explicações determinísticas que não descartam.

Caio Mariani disse...

Neto,

Na verdade eu não estou dizendo que são aleatorias, estou observando dentro da visão da interpretação da mecanica quantica que diz o comportamento das particulas sub-atomicas é aleatorio.

E mesmo assim eu questionei, será que o comportamento das particulas interferem no comportamento macro dos neuronios? Penso que não.

Penso que o comportamento dos neuronios é deterministico, mas mesmo que não fosse, não haveria espaço para o livre arbitrio.

Neto disse...

Não sei se interfere porque não sei nada de MQ...rsrs... De resto, concordo com você. Parabéns pelo blog, tem um leitor fiel aqui, to sempre acompanhando.

Cássio disse...

Interessante essa sua posição sobre o livre-arbítrio.

Mas, pessoalmente, penso que, para que o Universo funcionasse como uma grande máquina, com tudo determinado, talvez não houvesse a necessidade em termos a sensação do "self".

Poderíamos ser como autônomos, máquinas simplesmente respondendo mecanicamente a estímulos e a processos, como computadores, sem vida. Sem consciência.

Não me refiro aqui, à consciência enquanto resultado da atividade do cérebro, mas enquanto o "eu" último e sua existência.

Carlos Eduardo disse...

O problema do determinismo é que dele facilmente se deriva o niilismo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Niilismo).
Quanto a sentença "A consciência é um processo do funcionamento do cérebro.", hoje em dia já existente diversas vertentes da ciência que passaram a aceitar as percepções extra-sensoriais como reais, apesar de serem extremamente improváveis tecnicamente.

Eu particularmente acho que será muito difícil da ciência provar o livre-arbítrio, visto que sempre será possível a sua negação, justamente por causa de sua essência.

"Any scientific method requires the choice of a hypothesis to test."

Renato (RR3C) disse...

Prezado Cássio

Uma partícula está diante de inúmeros (infinitos?) movimentos que poderá realizar. Considerando suas características, realiza o movimento A. Uma outra partícula com as mesmas características e nas mesmas condições, realiza o movimento B.
Conforme a única ferramenta a que dispomos, o cérebro, concluiremos que estas partículas possuem vontade. Exatamente igual, ou análogo, aquilo que denominamos vontade humana – em seres vivos.
Da nossa experiência cotidiana restaria então alguma dúvida? Aquilo que estamos denominando aleatório no movimento das partículas é o que chamaríamos de vontade aplicado a nós. Nossa vontade é um “movimento aleatório”.

Admitir que uma partícula tem movimento aleatório só seria possível se a hipótese de ela não executar movimento nenhum existisse.
Até agora ninguém conseguiu verificar um comportamento nas partículas que demonstrasse tal birra atômica.

Além disto, Cássio, a dualidade onda partícula é por demais insuficiente.

Para haver “onda” é preciso haver um meio e um campo. Além disso, uma onda sonora poderá ter o mesmo comportamento no sentido horizontal, mas mudara no sentido vertical por que o campo e o meio mudarão com a altura. Isto teria que estar contemplado em nível sub atômico, mas não está, como se o campo onde o fóton executa seu movimento fosse uniforme. Também o meio onde este se desloca – sobre quais suas características principais.

Não há analogia entre o material e o imaterial que possam sustentar relação quântica entre o Penso e uma lajota na rua. É muito científico demais.

Desculpe, mas o que há de aleatório quando você corrige um erro? O que existe de aleatório na repetição do DNA – não no DNA, na repetição. O aleatório é o oposto da repetição irrefreada.

Bom material o seu. Obrigado. Renato.