domingo, 9 de novembro de 2008

Sobre a Realidade

Algumas considerações sobre o que entendo por realidade:

É impossivel provarmos que a realidade que formamos é a mesma que está lá fora, não temos como provar a realidade, porque esta apenas nos é possivel como uma representação na consciencia, nao consigo provar que este computador que eu digito tem sua existencia além da sua representação, porém não vejo como tratar de outra forma, essa discussão se resume no pragmatismo.

A partir do momento que tratamos o que nós é dado como existente, partimos para a proxima discussão que é a questao de haver outras faces da realidade ou não.

Sabemos que dependemos do nosso sistema cognitivo para fazer as representações da realidade, realmente é possivel haver outras faces, outras faces é aqui colocado no sentido dos objetos possuirem mais atributos do que aqueles que nós representamos.

Uma vez que estamos limitados às nossas faculdades, e nunca ninguem conseguiu perceber outra realidade além dessa que nos é dada, logo estamos também limitados para afirmar se o que percebemos é o todo ou se é uma parte, dessa maneira não há porque assumir que é uma parte, pois não temos condições, bases para afirmar isso.

Se existem outras realidade eu não sei, mas voce também não sabe, logo qual a vantagem de ficar devagando sobre esses assuntos?

Outra coisa que deve ficar clara é a distinção entre percepção e interpretação.

Coloco a percepção como a absorção de todas as informações externas ao nosso organismo que são captadas pelo sistema cognitivo, ou seja, recebemos ondas de luz de tudo, e tudo é processado no nosso cérebro, tanto que as vezes quando nos lembramos de alguma situação podemos resgatar coisas que não tinhamos "vistos", ou seja, que não haviam sido interpretados, mas foram vistos, foram processados, pois o cerebro conseguiu lembrar depois.

Ou seja, estamos recebendo todas as informações do exterior, porém interpretamos aquelas que conforme a nossa vivencia (cultura, treinamento, e etc.) foram consideradas importantes quando outras passam despercebidas, mas isso não quer dizer que não foram visualizadas.

O exemplo do indio na cidade, ele pode estar na calçada e vai atravessar a rua e não "vê" o semáforo de pedestres, mas não é que ele não viu, ele recebeu as ondas de luz do semaforo, o que aconteceu é que ele não as interpretou, pois a sua vivencia não diz que aquilo é importante. Porém se alguem apontar para o semaforo, ele irá representa-lo como qualquer outra pessoa.

A interpretação da realidade como um todo é subjetiva, ou seja, cada sujeito interpreta (interpretar é no sentido ser uma determinante para “escolher” como agir) algumas informações de todas que são enviadas e captadas por ele. Mas isso não muda a realidade lá fora, esta é independente do sujeito, pois se todos nos focalizarmos num objeto, todos serão capazes de observa-lo.

A partir do momento que criamos aparelhos que possibiltam a medição de ambientes não perceptíveis pelo nossos sentidos, não estamos entrando em outra realidade. Estamos indo mais fundo na realidade que percebemos, porque não deixamos de perceber com os nossos sentidos, apenas criamos aparelhos que são capazes de "amplia-los".

Ao se falar das caracteristicas da "coisa em si", não podemos afirmar que esta tem mais caracteristicas além daquelas que nos é dadas (caracteristicas transcedentais). Temos cinco sentidos, recebemos informações do objetos e atraves do sistema cognitivo somos capazes de interpreta-las, se todos fossemos surdos, conseguiriamos saber que existem as ondas sonoras, porque elas se mostram a partir da visão por exemplo, ou até mesmo do tato, quando voce está perto de uma caixa de som é capaz de sentir as ondas sonoras.

Concluindo, se nao podemos afirmar que o que percebemos é real, mas não existe outra maneira de viver, logo por uma questao de pragmatismo o solipsismo é descartado. E o mesmo pode se dizer à supostas faces da realidade, se não somos capazes de afirmar nada, novamente invoco o pragmatismo e descubro que não tem porque inquirir nada a respeito, pois não somos nem capazes de verificar.

6 comentários:

Anónimo disse...

Caio, unindo o texto anterior e este...você crê mesmo no solipsismo? Isto é, tenho consciência de que muitas coisas são percebidas/analisadas/aceitas ou não sob influência total de nossas experiências e crenças.Mas será que vivemos praticamente numa....matrix?A realidade sobre a qual concordamos seria apenas o "(in)consciente"coletivo?
É claro que não podemos sair por aí crendo em todas as "realidades"que se colocam, até mesmos quando colocadas pelos filósofos.Mas pensar que nada é real, que existe apenas dentro de nossas "matrix"é muito assustador não acha?
Será por isso a necessidade humana de crer em algo superior, mesmo que seja a Ciência? Será por isso necessitarmos todos de "muletas"?Nesse caso , não seria a filosofia uma "muleta"também?
Acho esse assunto fantástico, pena que certamente não me adiantarei muito nele ( e creio nem o mundo), antes que eu retorne definitivamente a minha origem, seja ela qual seja.
Estou adorando sua produtividade.
Abraço

Paula disse...

Me metendo... rs

Vc entendeu errado. O Caio aqui está defendendo que, independentemente da lógica que leve ao solipsismo, ele não pode se dar de modo prático (mas essa parte eu deixo para ele).

Por isso me metí - porque na verdade eu NÃO CONSIGO convencer o Caio do solipsismo! rsrs E aí esse comentário foi um tiro no meu pé, e não no dele. haha

Minha defesa, então, é que o solipsismo não é uma muleta porque ele não faz necessariamente que a realidade seja de acordo com o que queremos. Só significa que a realidade é uma ilusão própria, mas sujeitas á regras que não são criadas conscientemente. Mas essa é a minha interpretação pessoal, claro.

Beijos!!

Caio Mariani disse...

Maria Regina,

Na verdade eu não estou defendendo, mas para "criticar" primeiro tenho que apresentar o que estou a criticar da melhor maneira que eu posso.

Logicamente é impossivel negar o solipsismo, porém ninguem vive a vida, acreditando que a mãe, a esposa, os filhos são apenas uma ilusão.

O que acontece é que temos dois caminhos, da mesma maneira que não consigo provar que tudo é uma ilusão, não consigo provar que tudo é real (existe independente de mim), logo existem dois caminhos para se seguir, acreditar que é real é muito mais interressante, para a propria filosofia, quanto mais para nós.

Abraço

Anónimo disse...

Paula...em casa discutirei com vc, apenas um alerta"Cuidado com meu "antropofagismo"sim? rsrsrssr
Beijos

Anónimo disse...

Obrigada aos dois, sou analfabeta nesses assuntos , mas eles me fascinam e vcs me ensinam " por demais"... vou pensar sobre.VALEU

Paula disse...

Ai...
se eu apagar o comentário, ainda dá tempo de resolver???? rsrs

Beijooooo